terça-feira, 4 de março de 2008

Toureiros Sevilhanos


Francisco Arjona Herrera “Cuchares” a quem muitos chamam o verdadeiro pai do toureio moderno, nasceu em Madrid, mas ainda muito novo radicou-se em Sevilha. Foi aluno da Escola de Toureio dirigida por Pedro Romero e aí se iniciou numa aprendizagem que era rigorosa quanto às técnicas a empregar quer nos passes de capote ou de muleta, quer quanto à forma de matar. Mas como toureiro Cuchares foi um improvisador relativamente ás técnicas tradicionais e há uma frase sua que define bem essa forma de encarar as lides.
“ Quando vou para a arena, deixo o conhecimento no burladero e faço apenas o que me dita o sentimento “
A especial graciosidade e postura perante os toiros, já era uma característica atribuída aos toureiros sevilhanos e vinha de “Costilhares” e de seu discípulo Pepe Illo. Agora introduzia-se com “Cuchares” uma nova característica . Ao sabor particular de desenhar com singulares modos os lances, havia também o sentir este ou aquele toiro como o ideal para a expressão perfeita que daria o melhor e mais profundo resultado artístico.
No início do século vinte aparecem de uma família de toureiros dois irmãos que se afirmariam como figuras míticas sevilhanas. Rafael Gomes Ortega e José Gomes Ortega. Respectivamente El Gallo ou El Divino Calvo e “ Gallito ou Joselito “.
“Joselito” que teve uma carreira curta de apenas oito anos, ficou como sendo o toureiro mais venerado pela «aficion» sevilhana e aquele que até hoje mais emoção provocou .
O mais velho, Rafael El Gallo ou El Divino Calvo teve uma longa carreira como matador (1902-1935) e foi uma expressão viva da forma muito particular como os sevilhanos idolatram os seus toureiros. Medroso e sem grandes complexos de o demonstrar publicamente, quando sentia que aquele toiro era o que lhe permitia a expressão do seu valor artístico, fazia «faenas» de uma beleza única . Os seus seguidores corriam de praça em praça para finalmente ver a tal «faena extraordinária», que raras vezes acontecia. Mas quando acontecia ninguém tinha tanta arte e essa actuação perdurava nas memórias para sempre.
Muitas são as frases e as histórias que são atribuídas a Rafael, não resisto a contar uma em que é o próprio matador a definir-se tal como era :
“ Vinha El Gallo de comboio depois de uma actuação em Málaga. Aí encontrou um amigo que não via há algum tempo com quem conversava naquela viagem até Sevilha. O amigo questionou-o sobre como tinha sido a sua actuação em Málaga . Respondeu Rafael «…bom as opiniões sobre a minha actuação ficaram divididas ». Divididas como ? «…sim divididas uns chamavam nomes a minha Mãe e outros a meu Pai ».

Outros toureiros sevilhanos foram seguidores em toda a sua carreira desta postura muito própria e tipicamente sevilhana. Entre eles destacam-se dois nomes que também eles ficaram “mitos”. Joaquim Rodriguez “Cagancho” (1927-1953) e Curro Romero, que fizeram faenas extraordinárias ao longo de suas carreiras, que tiveram grandes momentos de gloria máxima com saídas em ombros nas principais praças de Espanha, mas onde também era norma a «bronca» nas suas actuações. Actualmente é em Morante de La Puebla que os sevilhanos mais se revêem na sua particular forma de apreciar o toureio.

Sem comentários: