domingo, 23 de março de 2008

Resposta ao Desafio do Blog nº 5


Manuel Casimiro de Almeida , natural de S. Pedro do Sul perto de Viseu, foi o primeiro Cavaleiro tauromáquico a tomar a Alternativa do Campo Pequeno em 1892, tendo como Padrinho, Alfredo Tinoco. Antes tinha sido bandarilheiro e forcado, participando em muitas corridas desde o ano de 1877 . A partir de 1890 dedica-se por inteiro à tauromaquia equestre e assume a primeira grande competição nacional, numa disputa que esgotava todas as praças onde actuavam , com Fernando de Oliveira.
Personagem muito querida dos aficionados, foi a principal figura nacional durante mais de duas décadas .
A sucessão desse posto foi tomada por seu filho José Casimiro de Almeida, que atingiu uma popularidade tal, que pelas narrações da época nunca mais teve paralelo. Pai e filho actuaram juntos em muitas circunstâncias, desde logo na Alternativa que teve lugar no Campo Pequeno a 6 de Setembro de 1903, mas também no estrangeiro, tendo sido os primeiros grandes embaixadores da nossa arte Marialva, em França e em Espanha. O êxito da sua apresentação em Madrid em 1906, foi de tal forma importante que o público exigiu a organização de uma corrida no mês seguinte.
José Casimiro após a retirada de seu pai, fica como o principal cavaleiro das nossas praças e actua até ao ano de 1931. Antes porém de se retirar dá a alternativa a seus dois filhos, Manuel e José Casimiro de Almeida. Enquanto o primeiro, apesar dos êxitos das suas apresentações, tem uma carreira curta de apenas três épocas, como profissional, o segundo mantendo uma forma de tourear muito próxima da de seu pai, continuará a figurar nos cartazes até ao início da década de cinquenta. José Casimiro ( filho ) foi assim o último desta distinta dinastia de grandes cavaleiros tauromáquicos e foi competidor de nomes grandes da nossa tauromaquia como Simão da Veiga Júnior, João Núncio ou Fernando Salgueiro.

domingo, 9 de março de 2008

Resposta ao Desafio de Blog nº4


A competição entre José Gomes “Gallito” e Juan Belmonte atingiu um entusiasmo em toda a Espanha, como nunca sucedera e como nunca mais voltou a acontecer. Foi de tal forma que esse entusiasmo gerado no primeiro quarto do século XX, é considerado como o principal factor da popularização das corridas de toiros como o principal espectáculo peninsular.
Entre Joselito ou Gallito e Juan Belmonte havia uma grande diferença. O primeiro era um lidador completo e um dominador de todas as sortes, o segundo um toureiro de recortes artísticos excepcionais.
Joselito é considerado a maior figura de sempre da tauromaquia . Começou a tourear fazendo parelha com “ Limeño “ com apenas doze anos de idade . Eram os célebres “ niños taurinos “, que em Portugal actuaram muitas vezes, em Algés e em Aveiro. Joselito referia-se muitas vezes ao aspecto de ter sido em Portugal que começou a ganhar algum dinheiro e onde por consequência iniciara muito jovem a sua carreira profissional.
Foi seu irmão “ El Gallo “ que lhe deu a alternativa numa corrida em Sevilha a 28 de Setembro de 1912. O seu êxito como matador de toiros foi tão grande que no ano seguinte bateu todos os recordes de actuações, tendo sido contratado para 120 corridas, mas tendo apenas realizado 105. Joselito, acabou por morrer em Praça, numa corrida onde não era para actuar, mas que pela exigência do público acabou por ser contratado á última hora. Nessa tarde de 16 de Maio de 1920, ele deveria ter actuado em Madrid, mas foi retirado para entrar na corrida fatal de Talavera de la Reina.
Refira-se a curiosidade de que a Praça de Talavera de la Reina comemorava nessa corrida trinta anos da sua inauguração, onde tinha actuado o pai de Joselito, o matador de toiros Fernando Gomes y Garcia “ El Gallo “, que fora o primeiro a estoquear um toiro naquela praça.
Foram apenas oito anos de carreira como matador de toiros. Foram 680 entradas em Praça e 1.557 toiros estoqueados, número impressionante que os cronistas da época sobrevalorizam como tendo sido de êxito constante, tendo sido muito raras as circunstâncias em que saiu de uma praça sem deixar a marca do seu sucesso.
Joselito toureou pela primeira vez como matador no Campo Pequeno a 10 de Outubro de 1917 com lotação esgotada e pela última vez nesta mesma praça a 3 de Junho de 1919, numa extraordinária corrida com Picadores.
Toda a Espanha parou no dia seguinte ao de sua morte. As suas exéquias fúnebres estão referidas como das mais expressivas de todos os tempos. O seu magnífico mausoléu no cemitério de Sevilha, é uma obra de arte de Beulliure e conta-se como um dos monumentos mais visitados da Andaluzia.

terça-feira, 4 de março de 2008

Toureiros Sevilhanos


Francisco Arjona Herrera “Cuchares” a quem muitos chamam o verdadeiro pai do toureio moderno, nasceu em Madrid, mas ainda muito novo radicou-se em Sevilha. Foi aluno da Escola de Toureio dirigida por Pedro Romero e aí se iniciou numa aprendizagem que era rigorosa quanto às técnicas a empregar quer nos passes de capote ou de muleta, quer quanto à forma de matar. Mas como toureiro Cuchares foi um improvisador relativamente ás técnicas tradicionais e há uma frase sua que define bem essa forma de encarar as lides.
“ Quando vou para a arena, deixo o conhecimento no burladero e faço apenas o que me dita o sentimento “
A especial graciosidade e postura perante os toiros, já era uma característica atribuída aos toureiros sevilhanos e vinha de “Costilhares” e de seu discípulo Pepe Illo. Agora introduzia-se com “Cuchares” uma nova característica . Ao sabor particular de desenhar com singulares modos os lances, havia também o sentir este ou aquele toiro como o ideal para a expressão perfeita que daria o melhor e mais profundo resultado artístico.
No início do século vinte aparecem de uma família de toureiros dois irmãos que se afirmariam como figuras míticas sevilhanas. Rafael Gomes Ortega e José Gomes Ortega. Respectivamente El Gallo ou El Divino Calvo e “ Gallito ou Joselito “.
“Joselito” que teve uma carreira curta de apenas oito anos, ficou como sendo o toureiro mais venerado pela «aficion» sevilhana e aquele que até hoje mais emoção provocou .
O mais velho, Rafael El Gallo ou El Divino Calvo teve uma longa carreira como matador (1902-1935) e foi uma expressão viva da forma muito particular como os sevilhanos idolatram os seus toureiros. Medroso e sem grandes complexos de o demonstrar publicamente, quando sentia que aquele toiro era o que lhe permitia a expressão do seu valor artístico, fazia «faenas» de uma beleza única . Os seus seguidores corriam de praça em praça para finalmente ver a tal «faena extraordinária», que raras vezes acontecia. Mas quando acontecia ninguém tinha tanta arte e essa actuação perdurava nas memórias para sempre.
Muitas são as frases e as histórias que são atribuídas a Rafael, não resisto a contar uma em que é o próprio matador a definir-se tal como era :
“ Vinha El Gallo de comboio depois de uma actuação em Málaga. Aí encontrou um amigo que não via há algum tempo com quem conversava naquela viagem até Sevilha. O amigo questionou-o sobre como tinha sido a sua actuação em Málaga . Respondeu Rafael «…bom as opiniões sobre a minha actuação ficaram divididas ». Divididas como ? «…sim divididas uns chamavam nomes a minha Mãe e outros a meu Pai ».

Outros toureiros sevilhanos foram seguidores em toda a sua carreira desta postura muito própria e tipicamente sevilhana. Entre eles destacam-se dois nomes que também eles ficaram “mitos”. Joaquim Rodriguez “Cagancho” (1927-1953) e Curro Romero, que fizeram faenas extraordinárias ao longo de suas carreiras, que tiveram grandes momentos de gloria máxima com saídas em ombros nas principais praças de Espanha, mas onde também era norma a «bronca» nas suas actuações. Actualmente é em Morante de La Puebla que os sevilhanos mais se revêem na sua particular forma de apreciar o toureio.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Desafio do Blog nº3 - Resposta


Diamantino Vizeu foi o primeiro matador de toiros português.
Tirou a alternativa em Barcelona no dia 23 de Março de 1947.
Foi seu padrinho de alternativa Gitanillo de Triana.
Diamanino Vizeu e Manuel dos Santos disputaram uma rivalidade única no panorama taurino nacional, em que as paixões se expressavam dentro e fora das Praças. Diamantinistas e Santistas radicalizavam posições, mas a verdade é que as Praças de Toiros se enchiam sempre que actuavam juntos e foi sem dúvida a época de oiro do toureio apeado em Portugal.
A história da determinação e dos factos incríveis e singulares da vida de Diamanino Vizeu e da concretização do seu sonho de ser matador de toiros, foram por ele narrados num magnífico livro, “Memórias de um toureiro”, que recomendo vivamente. O seu início de carreira tem características completamente distintas e invulgares, revelando uma personalidade de elevada estatura, em que sobressai a determinação e a coragem. Este início de carreira veio a alterar profundamente as mentalidades nacionais e provocaram uma verdadeira revolução no panorama tauromáquico nacional.
Sintetizemos alguns aspectos inéditos e extraordinários da sua carreira:
Diamantino, só aos 18 anos de idade toma consciência da sua vocação, através da influência de um amigo, que mais tarde foi sempre o seu peão de brega de confiança, Rogério Valgote. Alimentou este sonho de ser toureiro através da visualização do filme «Sangue na Arena», que viu por 14 vezes. Iniciou a sua tentativa na escola de toureio do Campo Pequeno, mas rapidamente concluiu que continuando ali apenas lhe seria possível a aspiração longínqua de vir ser bandarilheiro.
As primeiras vezes que se colocou perante uma rês brava foi na Feira Popular, com vacas corridas que eram largadas numa praça desmontável para brincadeiras populares, no ano de 1943.
Queria ser matador e através de contactos feitos por aquele que viria a ser o seu empresário, a quem chamavam Punteret, foi para Sevilha aprender a tourear.
Em Sevilha não conseguiu nunca chegar a tourear sequer uma novilha pura. Rumou então para Madrid, onde para além dos treinos de salão também nunca conseguiu que lhe facultassem a presença numa simples tenta. As despesas destas deslocações foram pagas em grande parte pela venda dos direitos de autor de um livro sobre a Mocidade Portuguesa, que Diamantino tinha escrito.
Em Sevilha e também em Madrid, viu grandes faenas daquele que era o seu ídolo de toureiro, Manolete. Estas faenas devem-no ter marcado muito e quem teve o privilégio de ver Diamantino tourear percebe bem porquê. Ele tentava assumir a mesma serenidade e frieza do carismático toureiro de Córdoba.
Diamantino aceita tourear a sua primeira novilhada em Toledo, sem nunca ter experimentado sequer a sensação de dar um muletazo numa novilha pura.
A sua apresentação em Portugal, acontece em Santarém na Praça de S. Domingos, perante um toiro de Andrade & Irmão e veio na sequência das noticias da sua apresentação em Toledo. Nesse ano apenas conseguiu tourear mais uma novilhada na mesma praça de Toledo.
A sua apresentação em Santarém teve uma circunstancia caricata, pois Diamantino que já era novilheiro encartado em Espanha sofreria uma tentativa de impedimento, uma vez que não havia em Portugal a categoria profissional de novilheiro. Foi um episódio muito curioso em que o Sindicato dos toureiros foi o principal protagonista, dessa tentativa de impedimento. No entanto a sua apresentação fez-se, se bem que trajado de curto, pois estava impedido de vestir de luzes.
É apenas no ano de 1945 que surge a grande oportunidade de Diamantino.
Nessa época tinha toureado apenas duas novilhadas, uma em Plasência e outra em Algeciras, mas Punteret conseguiu inclui-lo numa Corrida em Vila Franca. É essa corrida em que alternou com Caetano Ordoñez, o Niño de la Palma, que marca definitivamente a sua carreira . Mais uma vez se tinha apresentado sem ter conseguido tourear qualquer novilha num tentadero, mas dessa corrida saíu em ombros.
Fez-se então um movimento nacional liderado pela revista “Sector 1”, solicitando aos empresários da Maestranza de Sevilha a sua inclusão num cartel. Este movimento resultou e foi nessa corrida que pela primeira vez um toureiro português corta uma orelha na Maestranza. Foi a última corrida da Feira da Abril desse ano. Os Críticos tauromáquicos nacionais que se tinham sempre mantido incrédulos foram unânimes e disseram “ Temos um Toureiro português”
Preparou-se a sua apresentação no Campo Pequeno e foi na sequência das negociações feitas para organizar esse cartel que é introduzido aquele que já tinha a carta profissional de bandarilheiro e que se chamava Manuel dos Santos. Foi o princípio de época de glória da tauromaquia nacional. Manuel dos Santos que cumpria o serviço militar nessa altura e para o qual estava destinado vir a ser integrado na quadrilha de João Núncio como bandarilheiro, teve assim também a sua oportunidade. Foi o sonho inovador de Diamantino Vizeu, que lha proporcionou. Foi Diamantino Vizeu que abriu as portas para a profissionalização dos matadores de toiros portugueses . Há sua tenacidade e ao seu exemplo de homem confiante e lutador, devemos esse serviço de elevado valor cultural e histórico.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O início do Toureio a pé - Maestranza e Praça de Ronda


Até 1700, não haveria grandes diferenças entre as Corridas de Toiros realizadas em Portugal ou em Espanha. Eles eram Festas aristocráticas onde os nobres enfrentavam os toiros a cavalo. Foram os portugueses os primeiros a usar o rojão e os espanhóis preferiam a competição com a Garrocha. Mas nesses espectáculos apareciam nobres de ambos os países e não se pode afirmar que havia uma diferença substantiva na forma como eram realizadas essas manifestações tauromáquicas.
A grande diferença começa com o início e consolidação do toureio apeado.
A sua origem tem a ver com a subida ao trono como Rei de Espanha de Filipe V o Duque de Anjou, o primeiro da dinastia de Bourbón. Este nascido e educado em Versailles, repudiava os espectáculos taurinos que considerava manifestações barbaras e cruéis. Por conveniência, por respeito ou por medo, a nobreza espanhola deixou de organizar e de participar nas Festas Tauromáquicas.
Mas o povo não se conformou e adoptou para si a Festa dos Toiros.
Em toda a Espanha, mas particularmente na Andaluzia se multiplicavam os espectáculos taurinos organizados pelos populares. Foi como que uma afirmação popular, reagindo à tentativa de introdução de hábitos e formas de estar e de viver que não eram os seus. Foi uma reacção popular generalizada de afirmação dos seus hábitos e costumes, que tem um elevado valor cultural e histórico.
Carlos III, filho de Filipe de Anjou, quis agradar ao povo e voltou a organizar as Corridas de Toiros. Nos Festejos da sua coroação em 1759 e nos do casamento de seu filho o Príncipe das Astúrias em 1765 são organizadas Corridas onde actuam os três grandes matadores da época, Costilhares, Pepe Illo e Pedro Romero. Os nobres tiveram de se resignar e agora a Festa Taurina era uma manifestação diferente, onde o grande protagonista era o Toureiro a pé e Matador de Toiros. O toureio a cavalo caiu assim em desuso e os nobres resignados, começaram também a chamar para os seus círculos de convivência os grandes toureiros.
Foi esta motivação adicional pela nova atitude do rei de Espanha para com a nova Festa de toiros, que originou a construção das duas Praças de Toiros mais emblemáticas e que passaram a representar dos sentimentos toureiros distintos e duas escolas diferentes de tourear. Construí-se a Real Maestranza de Sevilha no ano de 1761 e a Praça de Ronda no ano de 1784.
Os primeiros cartazes de toiros aparecem no ano de 1761 e anunciam precisamente Toiros na Maestranza de Sevilha. O cartaz mais antigo que se conserva é do ano de 1763.
Isto representa a consolidação da Corrida de Toiro, já não apenas como uma manifestação tradicional ou uma Festividade, mas como um espectáculo. Espectáculo que se enraizou de tal forma que passou a ser o mais importante e com mais adesão em toda a Espanha.
O drama e a emoção estiveram desde estes primeiros tempos presentes nestes espectáculos e a primeira morte em Praça aconteceu em Puerto de Santa Maria e vitimou um figura toureira importante de nome José Cândido.
Um outro factor de grande importância para a consolidação das Corridas de Toiros foi a criação das primeiras Escolas de Toureio, de que daremos posteriormente um relevo particular.

( a foto representa António Ordoñez, ainda no inicio da sua carreira, no final de uma das suas memoráveis faenas, na Praça de Ronda, sua terra natal )

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Grandes Toureiros (1) : Francisco Montes "Paquiro"


Costilhares tinha sido o grande inovador. Seus quites de capote e sua forma de matar à Volapié, tinham decididamente contribuído para a popularização do Matador de Toiros e para a subalternização do Picador. Pepe Illo deu um novo sabor «sevilhano» à nova forma de tourear. Com Pedro Romero, que mantinha a forma de matar a receber, o toureiro sevilhano disputou uma competição que mobilizou todas as Praças de Espanha e foi esta disputa que enraizou ainda mais a paixão pelas corridas de toiros e pela figura do matador como protagonista do espectáculo. Em 1801, morre Pepe Illo e Romero resta por alguns anos sem competidor à sua altura. Retira-se então para Sevilha para dirigir a primeira Escola de Toureio.
Jerónimo José Cândido, tinha sido um dos toureiros que tinha alternado com o grande Pedro Romero e que se tinha retirado no ano de 1820. Mas como era assíduo frequentador de Chicliana de la Frontera, aí apreciou as qualidades de um jovem que com incrível à vontade e serenidade, enfrentava reses bravas. Levou-o para Sevilha e apresentou-o a Pedro Romero.
Este jovem, que na época deveria ter vinte e cinco anos, chamava-se Francisco Montes e viria a ser o legendário “ Paquiro “.
A partir deste carismático toureiro, tudo foi diferente. Desde logo pela forma como se apresentava, o traje de «luces» e o uso de «montera». Depois pela forma como lanceava a capote e também pelas «saltos de garrocha» com que intervalava as suas faenas.
“Paquiro”, não era um grande estoqueador, dizia-se que era pela sua deficiência visual, mas esta característica veio a contribuir ainda mais para o reforço da apreciação popular pela «lide do toureiro» e para a consolidação definitiva da faena do toureiro como essência da Corrida de Toiros.
A sua apresentação em Madrid em 1831,revela isso mesmo, pois apesar de não matar bem o público aclama-o e exige a sua presença em carteis seguintes, passando a ser o favorito do público.
Paquiro era fisicamente um potentado, com uma energia invulgar. Bastará referir que a 14 e 15 de Outubro 1832 em Saragoça toureia e mata em duas corridas de doze toiros, quando se apresenta sozinho no cartel. Foram vinte e quatro lides em dois dias seguidos.
Outra façanha inédita de Paquiro, que é reveladora da sua primazia como a grande figura daquela época foi o facto de em 1836, ele ter figurado em todos os cartéis de todas as corridas que se realizaram nesse ano na Praça de Madrid.
A apresentação de Paquiro nos Carteis das corridas era de tal forma disputada naquela época que chegou a cobrar quantias consideradas astronómicas e impossíveis de rentabilizar. Em 1840 cobrou 6.000 reais para matar cinco toiros e em 1842 bateu este recorde ao cobrar 4.000 reais para lidar apenas dois toiros.
A partir de 1845, as suas condições físicas já não lhe permitiam as façanhas que o tornaram mítico e retirou-se. Voltou mais tarde, cerca de cinco anos depois, pois seus negócios falharam e as suas economias desapareceram. Acabou por ser colhido gravemente e morrer vitima desses ferimentos no ano de 1851 com quarenta e seis anos de idade. Estes seus últimos dois anos de decadência nas praças, não impediram que para a História da Tauromaquia, Francisco Montes “Paquiro”, fique como aquele que tudo mudou e que a partir dele tudo foi diferente.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Desafio do Blog nº2 - Resposta


Grupo de Forcados Amadores de Santarém

António Gomes de Abreu foi o primeiro cabo do Grupo de Forcados Amadores de Santarém e seu fundador no ano de 1915. Natural de Santarém, António Abreu chegou a apresentar-se como Bandarilheiro na Praça de S. Domingos em 1914 e posteriormente noutras praças de toiros, mas rapidamente passou a optar pelas pegas. Como Forcado pegou até à tarde de 27 de Maio de 1945, altura em que numa corrida no Campo Pequeno, entregou a chefia do Grupo a D. Fernando de Mascarenhas, que foi assim o segundo Cabo dos Amadores de Santarém. António Abreu registou o impressionante número de cerca de mil toiros pegados. A sua despedida decorreu numa ambiente de grande festa, que os aficionados da Festa enchendo por completo a praça lhe quiseram tributar, reconhecidos por uma carreira longa e de enorme significado taurino.
A escolha de D. Fernando de Mascarenhas como segundo Cabo do Grupo foi unânime, pois todos reconheciam que naquela época entre todos aquele que mais emoção e vantagem dava aos toiros e o que por esse facto tinha mais prestigio como pegador de toiros. Pouco tempo esteve à frente do Grupo, o Conde da Torre. Em 1948 passou esse testemunho para outra figura carismática, Ricardo Rhodes Sérgio.
Rhodes Sérgio que entrara para o Grupo em 1936, seria o melhor Cernelheiro de todos os tempos e também Rabejador, mas sobretudo um grande condutor e formador de Homens. Ele comandou a Grupo até ao final da temporada de 1969.
Estes três Homens que foram os três primeiros Cabos do Grupo de Amadores de Santarém, foram os principais responsáveis pelo lugar muito especial que distingue este Grupo de Forcados no panorama tauromáquico mundial. Esta apreciação que deriva de um carisma muito especial que qualquer dos três tinha, em nada desclassifica os posteriores Cabos do grupo, que souberam manter o lugar de destaque que o Grupo desde os primeiros anos ocupou.
Este ano vai ser um ano de uma nova passagem de testemunho na liderança deste Grupo.
Pedro de Figueiredo ( Graciosa ) vai deixar essa função . Ele é o oitavo cabo, pois sucedeu por ordem cronológica a José Manuel Soutto Barreiros (1969-1979), Carlos Empis (1979-1981); Carlos Grave (1981-1996 ), Gonçalo Cunha Ferreira (1996-2002) e Pedro de Figueiredo desde 2002.
Vai suceder-lhe Diogo Sepúlveda que é um grande forcado a quem já vimos fazer pegas brilhantes e que pertence a uma família de grandes e saudosos forcados.
Foram mais de 400 os homens que honraram esta Jaqueta ao longo de todos estes anos e entre eles contam-se até Fundadores e Cabos de outros Grupos, como Simão Malta ( fundador do Grupo de Montemor ), Joaquim José Capoulas ( Cabo do Grupo de Montemor), José Nunes Patinhas ( Fundador e Cabo do Grupo de Évora) e Rui Soutto Barreiros ( Cabo do Grupo do Ribatejo ).